Ao completar 60 anos, o artista Guaraci Gabriel decidiu tornar realidade um sonho que levava consigo há muitos anos: erguer uma obra em homenagem a uma mulher forte, histórica e que ele admira, Alzira Soriano, primeira mulher a exercer o papel de prefeita no Brasil e em toda a América Latina em 1928.
Numa época em que as mulheres brasileiras sequer tinham direito ao voto e política era assunto exclusivo do universo masculino, a jovem Alzira Soriano, de 32 anos, não apenas votou como disputou e venceu as eleições municipais daquele ano em Lajes, no Rio Grande do Norte.
A eleição de Alzira Soriano só ocorreu graças a uma lei estadual que autorizava a participação das mulheres na política potiguar.
Eleição histórica de Alzira Soriano
Alzira era Integrante de uma família rica e tradicional de Jardim dos Angicos, que na época era um distrito de Lajes. A candidatura de Alzira foi apoiada pelo governador Juvenal Lamartine e pela líder feminista Bertha Lutz, uma das pioneiras do feminismo no Brasil, que visitou o Rio Grande do Norte em 1928.
Segundo o Dicionário Mulheres do Brasil, alguns adversários da candidata falavam, sem o menor constrangimento, que mulheres públicas eram prostitutas. Outros procuravam a família dela para dizer que não ficava bem uma senhora de família entrar para a política.
Candidata escolhida pelo Partido Republicano, Alzira Soriano não se intimidou e venceu a eleição com 60% dos votos válidos sobre o oponente, Sérvulo Pires Neto Galvão. Diante da vergonha de ter perdido a eleição para uma mulher, Sérvulo Pires abandonou a política e a própria cidade.
Obra deve ficar pronta em 4 meses
Em contato com o SINSP, Guaraci Gabriel explicou que a obra está sendo projetada em seu atelier, na cidade de Mossoró, e que quando pronta será levada para Lajes, município que foi governado por Alzira.
“A parte do cálculo está resolvida, toda análise técnica está ok também. Já defini o local onde vai ficar em Lajes e acredito que em 4 meses já estará pronta”, informou o artista.
Guaraci lembrou que sonhava em construir a obra há bastante tempo e que está a construindo de maneira independente.
“Essa questão política e de emancipação da mulher, também o fato da mulher ser tão poderosa... Ela levou o país para o mundo. Acho Alzira genial e admiro demais a vida dela”, disse Guaraci, que ainda completou “vou deixar a obra na cidade e se alguém se interessar ela pode ficar fixamente, mas do contrário trago de volta para o estúdio”.