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11/11/2019
"Um dos piores momentos na luta sindical é perder quando temos no poder um governo que lutamos e ajudamos a eleger", diz presidenta do SINSP
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Foram muitos anos de luta nas ruas para eleger um governo popular no Rio Grande do Norte. Um governo que estivesse ao lado dos trabalhadores, que finalmente pudesse encarar as injustiças sociais e dar igualdade de tratamento aos que não dispõem socialmente do mesmo. Pelo menos é isso que nós, servidores, acreditamos que tem de ser no nosso estado.

Diferente disso, na tarde do dia 08 de novembro, assistimos a discriminação com que ainda são tratados os servidores públicos mais humildes. A maioria dos deputados na Assembleia Legislativa votou a favor para que os procuradores tivessem um reajuste de 16,38%, conforme o projeto de lei encaminhado pelo Governo do Estado. Na mesma tarde, a ALRN reprovou o mesmo reajuste aos demais servidores públicos, os que há quase dez anos não recebem qualquer correção. Ninguém é contra o aumento salarial dos procuradores, mesmo que já ganhem acima de R$ 30 mil, mais que o salário da Governadora. Ninguém é contra o reajuste do abate teto dos auditores fiscais ou dos delegados de polícia, nem do reajuste anual dos professores, do reajuste da Polícia Militar ou a negociação com a Polícia Civil. O fato é que, se uma categoria merece aumento, todas as outras, especialmente as que recebem menos, também merecem.

Não é um fato novo parlamentares votarem contra trabalhadores e servidores públicos. Mas é uma inovação lamentável que a bancada de um governo petista, que se diz popular, que levanta a bandeira em defesa dos trabalhadores e da classe mais pobre se posicione, em plenário, somente em defesa dos mais ricos. É triste e soa como traição que deputados abram mão de pressionar o Governo a negociar com os trabalhadores, somente para manutenção de seus cargos e privilégios dentro da atual gestão. O Governo preferiu mostrar a força contra os trabalhadores do que abrir o diálogo e mandar uma proposta de reajuste para os quatro anos de governo. Não precisaria ser 16,38% de uma única vez. Poderia ser dividido, da mesma forma que fez com a PM. O SINSP procurou o Governo diversas vezes na tentativa de negociar, mas sempre recebeu a resposta negativa de quem comanda o Estado.


Sabemos que é sofrido perder. Mas um dos piores momentos na luta sindical é perder quando temos no poder um governo que lutamos e ajudamos a eleger. Na campanha, somos nós os primeiros procurados.

Semana passada, perdemos a batalha dos 16,38% na Assembleia Legislativa. Mas a luta das categorias segue firme e não trocamos a fidelidade da nossa base por qualquer tipo de benesse no Governo. Diante de tudo isso, quando ouço que há militantes do PT sugerindo minha saída, e até expulsão, só peço que reflitam sobre o principal motivo do surgimento do PT, quatro décadas atrás, e o motivo de quem optou por ele como partido ideal. O que me move é a defesa intransigente dos trabalhadores, e é o que eu nunca deixei de fazer. Nenhum tipo de ameaça, seja de governo, militância ou de qualquer outra origem vai me fazer negar os ideais que acredito e defendo com tanta garra.

Janeayre Souto
Servidora Pública Estadual
Presidenta do SINSP/RN
Vice-presidenta da Fenasepe


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